20.3.07

 


O DRAMA DO NAMORADO BONZINHO
É um fato cientificamente comprovado, pelo menos em mesas de bar, que as mulheres passam por experiências semelhantes na vida, caso contrário, não teríamos tanto assunto. Não me entendam mal, refiro-me a experiências no setor amoroso, mais especificamente, masculino de nossas vidas. Os homens estereotipados, por exemplo, com quem nos relacionamos antes de achar o homem ideal, vulgo o que tivemos paciência, coragem ou falta de opção de ter um relacionamento duradouro. Tratemos de dois estereótipos básicos que todas nós conhecemos ou vamos conhecer - o namorado-canalha e o namorado-bonzinho, não necessariamente nesta ordem. O namorado-canalha é aquele pelo qual você se apaixona perdidamente e que, em determinado momento, descobre que você é a razão de todas as mazelas da vida dele e que, então, termina com você e destrói sua vida no raio maior de alcance que ele conseguir, já o namorado bonzinho....

Bem, o namorado-bonzinho, daqui em diante chamado apenas de Bonzinho, aparece nas situações mais improváveis e você, tolinha, se apaixona por ele. Óbvio, uma vez que ele é perfeito. Sim, ele é perfeito. Ele é a materialização dos seus desejos mais profundos, mais doces, mais altos. Ele te trata como uma rainha, faz absolutamente tudo por você, não briga, te liga dez vezes por dia, comemora todos os aniversários de namoro (e ainda te lembra da data), vai a todos os programas de índio com você e, o mais importante, é perdidamente apaixonado por você. Suas amigas A-M-A-M o Bonzinho, queriam que o namorado delas fosse minimamente parecido com o Bonzinho e as que não têm namorado, querem ser apresentadas aos amigos do Bonzinho, na esperança que eles sejam, também, Bonzinhos. Sua família, dispensa comentários, adora o Bonzinho, quer que você case com o Bonzinho e nem acredita que um menino tão bonzinho exista. No início é tudo perfeito, você ama o Bonzinho apaixonadamente, fica horas a fio com o Bonzinho no telefone, faz tudo com o Bonzinho, espera ansiosamente pelas trinta ligações do Bonzinho e acredita, do fundo do coração, que Deus lhe ama, particularmente, por ter um namorado tão bonzinho.

Passados os meses de glória, paixão e demonstrações mútuas de um amor invejável, começam os problemas. Você começa a implicar com o Bonzinho, do nada, começa a ser impaciente e a buscar, inutilmente, defeitos no Bonzinho. Nada. O Bonzinho é bonzinho mesmo e não há perspectiva de mudança pra pior. Como em qualquer crise, você liga para suas três melhores amigas - uma que é má até amanhã de manhã cedo, uma que é quase zen-budista e outra que é totalmente imparcial - e, pela primeira vez, elas são unânimes : você está louca, o Bonzinho não fez nada errado, case com o Bonzinho. Você parte, então para a baixaria! Fala com a sua mãe, na esperança de que ela vá compreender o mais profundo sentimento do seu pobre e angustiado coração, mas ela pronuncia a frase que você temia você nunca vai encontrar ninguém como o Bonzinho.

Aí você, corajosamente, assume para você mesma : o Bonzinho é too much, é bonzinho demais. Você está de saco cheio do Bonzinho, já colocou seu telefone no silencioso porque você já sabe que TODAS as suas trezentas ligações são do Bonzinho e, o pior, não pode nem ser sincera com o Bonzinho porque você estaria assumindo o quão insana você é, imagine você é bonzinho demais, seja um pouco ruim de vez em quando, não dá! Você está num impasse existencial. Não tem apoio de suas amigas e ainda corre o risco delas se debandarem para a amizade do Bonzinho, seus pais nunca mais vão gostar de nenhum outro namorado que você arrumar e você, com toda certeza, vai sempre se arrepender de ter terminado com o Bonzinho, principalmente se ele for seguido do namorado-canalha.

Resultado : o Bonzinho, na realidade, destruiu sua vida! Você descobriu que quer um homem mal, que você é um ser insano, que sua família e amigas não te dão suporte acima de todas as coisas e que o Bonzinho, na verdade, não é bonzinho PORCARIA NENHUMA!

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