7.3.07

O Dia da Mulher que é capaz!



Escrever sobre nós mulheres foi a melhor maneira que encontrei de falar de mim, e poder mostrar,
as minhas amigas e irmã que nossas diferenças são poucas e nossos desejos iguais.

Amadurecer foi a disciplina mais difícil que inventaram para nós. Não conseguimos alcançar quando ela inicia e só nos deparamos, quando o filho chega e diz:"assim você está ridícula". Nos sentimos velhas estando nova, inoperante se sentindo potente, enfraquecida estando no melhor da vida.
Assim percorremos nossos dias, cuidando de nossa família e tendo tesão por poder fazer isso. Quando trabalhamos fora, administramos casa, casamento,filhos, chefe, e outros. Chegamos ao final de um dia as vezes sem saber quem somos realmente e o pior quem gostaríamos de ser.
Claro que com inúmeras funções algo tem que falhar. Aí que entram as cobranças, dos outros e as nossas. Afinal, temos que dar conta de tudo sem poder ao menos esquecer de descongelar o frango para o dia seguinte.
Assim caminhamos, sem termos tempo e coragem de nos perguntar se somos felizes ou se gostamos do que fazemos, pra que perder tempo, não é?
Ah, quanta racionalidade, para pessoas tão comuns como nós, apesar de termos apenas um nome, com vários adjetivos. O filho nos chama de velha ou coroa, o marido de filha ou mãezinha, o chefe pelo nome se é que ainda lembramos dele.
Quantas vezes rezamos para aquele dia terminar, para vir um próximo, mas não dia e sim um novo ano. Até porque para nós um dia não muda nada, mas quem sabe doze meses?
Nos sentimos órfã de Deus, para tantas coisas que precisamos e não temos tempo de parar para pensarmos nelas. Se tivermos deixamos para um outro dia.
Quantas de nós inúmeras vezes tivemos vontade de sair de nossas casas, bater a porta e dizer : Fui, não sei quando volto.
E aí? Nos calamos engolimos a vontade e em seguida pegamos a vassoura para dar uma pequena varrida na sala, onde as crianças deixaram cair biscoitos.
Dormimos e acordamos omitindo nossos desejos e vontades. Piores são aqueles que temos medo até de pensar e alguém ouvir. Nós senhoras, esposas, mulheres de boa família, como poderia estar passando aquilo pela cabeça.
Seríamos dignas de um ritual de exorcismo feita pelo padre ou pastor mais indicado pelo conselho familiar.
Parece incrível, irmãs, mas todas nós passamos por isso e na maioria das vezes nos acostumamos. Aprendemos a gostar ou simplesmente não paramos para pensar. Não nos damos essa oportunidade.
Ouvi muitas vezes : fazer o que? Já estou com 30 anos o que resta para mim? Criar meus filhos, ajudar os netos futuramente, esperar a minha aposentadoria, talvez até fazer um curso. Isso é claro se não atrapalhar os horários das crianças ou do meu marido. É tanta gente que vem na nossa frente que nem sabemos quando chega a nossa.
A realidade chega a ser cruel , mas quantas de nós fazemos amor no piloto automático. São tantos anos que não procuramos nem sequer uma nova posição na cama e se pensamos nisso, temos o receio do marido achar que poderia estar sendo traído por termos ousado em uma nova busca para nosso prazer, afinal somos esposas e mães.
Não podemos abandonar toda essa credibilidade que nos deram sem perguntar se queríamos, ou se era essa realmente nossa vocação. Mas foi assim com a vovó e com nossa mãe.
O tempo se passa e com uma rapidez, que não sentimos realmente. Só vemos que os espelhos da casa estão se modificando, mas não paramos para pensar porque. Filhos entram e saem, nos dão bom dia, boa noite e um tchau. Chega nosso marido cansado, reclamando do trabalho, da luz que esquecemos acesa. Pergunta o que tem para o jantar, fala de quanto foi os pagamentos efetuados nos bancos naquele dia e logo diz que a família precisa economizar. Vai para o banho, relaxa, janta e ronca.
Mais uma vez dormiremos sem ter colocado nossa opinião. Aceitamos até porque o dia já se alongou demais.
Vivemos repetições durante anos e anos, sem rumo ou prumo tentando acertar e errando sempre. Infeliz sorrindo à toa, desgastada pelo tempo e de tudo, mas não sucumbindo essa missão DIVINA que nos deram.
Esperamos que algo caia do céu, mas a única coisa que caí do céu é a chuva, quando esquecemos nossa sombrinha em casa e temos que retornar do trabalho.

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