6.12.06

Perdi a esperança. E é Natal

O Natal é a época da esperança. Bem, isso pode fazer sentido para quem tem religião, mais precisamente para quem é católico. Eles acreditam que Jesus nasceu e aquelas coisas que nunca fizeram sentido para mim. Por mais que as freiras da escola insistissem. Também faz um pouco de sentido quando você é criança (de classe média). Porque aí é muito simples. Você tem esperança de ganhar aquele presente que pediu e, de fato, o recebe. Talvez todas as suas futuras decepções sejam fruto desses momentos, atenção. Na vida adulta, você pode ter se comportado bem o ano inteiro e trabalhado muito. Só que ao invés de recompensada você leva uma rasteira. E você perde a esperança. Enquanto isso o mundo canta que é época de celebrar. Aquelas luzinhas acesas só te lembram que você, nesse momento, é um ser vazio, triste e decepcionado. O inferno é aqui e agora. Você tenta se animar. Sai para comprar presentes de Natal, porque as pessoas não estão preparadas para que você chegue na hora da ceia e diga: "olha, esse ano eu não comprei porra nenhuma porque eu estava sem esperança". O mundo não parou. Parou só para você, sua infeliz. Tentativa de melhorar o domingo horroroso: ver Entreatos, o filme do Lula. Você acha que vai te fazer bem, porque, pelo menos ali, a esperança venceu o medo! Você chora no filme. Mas sai de lá arrasada porque, no seu caso, você está é morrendo de medo de não recuperar a esperança há tempo de agüentar a festa de firma, o aeroporto cheio e a fatídica noite de Natal. Morta de medo. Medo que gela e dói. E se eu não recuperar a esperança nunca mais. "Eu te entendo, mas vai passar", diz a mãe pelo tefone. "Que merda", dizem os amigos que você ama. E você não diz nada. Só resta gritar, como diria Rita Wainer: " Esperança, deusa enganadora!". Deusa filha da puta que me abandonou justo no final do ano! Esperança, você vai ver!

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