2.12.06

Espuma promete o fim das varizes


Não adianta ter pernas torneadas, depiladas, macias e bonitas se elas não forem também saudáveis. E as varizes, aquelas veias tortuosas e dilatadas, são um problema que ameaçam seriamente a saúde dos seus queridos membros de locomoção. Você sabia que 15% da população mundial acima de 20 anos sofre com essas veias? E se elas não forem tratadas, podem provocar feridas nas pernas.

A maneira mais conhecida de eliminar as varizes é a intervenção cirúrgica, que além de cara, exige anestesia geral ou peridural, pelo menos um dia de internação e até 15 de afastamento das atividades normais. No entanto, uma técnica chamada escleroterapia com espuma promete dar um fim a esse suplício.
- O tratamento consiste na aplicação de um medicamento no consultório, que elimina a veia doente da circulação como se o cirurgião a retirasse. Sem anestesia, cortes ou pós-operatório – explica o cirurgião vascular Eduardo Toledo de Aguiar, professor livre-docente pela Universidade de São Paulo.

Segundo ele, um medicamento chamado polidocanol, em forma de espuma parecida com a de barbear, é aplicado na veia doente, que murcha instantaneamente. Dentro do organismo a veia vai, aos poucos, sendo absorvida. Uma sessão dura cerca de meia hora.
- Aproximadamente 80% dos casos de varizes de grosso calibre podem ser resolvidos em uma sessão e 95% em duas. O intervalo entre as sessões varia de uma semana a vários meses. O tratamento dos vasinhos, mesmo com espuma, não é diferente do convencional e é feito em sessões semanais. O tempo de duração varia de 4 a 8 semanas – esclarece Dr. Eduardo.

Técnica é vista com ressalvas por alguns profissionais

Apesar de parecer uma solução “milagrosa” para o tratamento das varizes, nem todos os médicos vêem a nova técnica com bons olhos. O cirurgião vascular Kasuo Miyake afirma que já foram relatados casos de complicações graves devido ao uso da espuma, como o derrame cerebral de um homem de 61 anos que se submeteu à escleroterapia em Dublin, na Irlanda.

- Como a espuma não se dissolve, ela segue pela circulação venosa, passando pelo coração e parando principalmente no pulmão, caracterizando embolia pulmonar, com risco de causar fibrose pulmonar após sessões repetidas. No caso de o paciente possuir comunicação entre o lado direito e o esquerdo do coração, o que ocorre com 20% a 30% da população, a espuma segue para a retina, para as artérias coronárias ou para o cérebro, gerando riscos de necrose de retina, isquemia cardíaca e derrame cerebral – alerta o cirurgião.

Segundo Kasuo, tratamentos à base de laser como o Cryo-laser e a Cryo-glicose, que combina laser de última geração, injeções de glicose e ar gelado a menos 20 graus, sem riscos de queimaduras, são tratamentos mais seguros.
- Há, ainda, o tratamento mais simples: injeções de glicose para os vasinhos sem matriz e retirada das matrizes com agulha de crochê, técnica que foi desenvolvida na década de 70 e até hoje traz ótimos resultados – garante ele.

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