Trabalhar e ter uma renda não é a mesma coisa que ter uma carreira profissional – sobretudo para mulheres, a distinção é bastante clara. Uma carreira exige dedicação que, em geral, as mulheres dão à formação da família e à educação dos filhos. Aos homens é esperado que eles invistam numa carreira de sucesso, distinção que permanece ainda hoje, mais de 30 anos depois de as mulheres de classe média ingressarem em massa no mercado de trabalho. Sempre faço questão de ressaltar o “mulheres de classe média” porque as pobres nunca tiveram muita escolha – trabalhar como lavadeira, faxineira, enfermeira ou babá é item de necessidade, não de emancipação.
“Pesquisa de gênero Petrobras”, concluída em dezembro e recém-publicada, traz dados sobre a percepção de desigualdade entre homens e mulheres na empresa. Do conjunto de indicadores chama atenção exatamente esse item – a discriminação salarial. De fato, a grande maioria de homens (73%) e mulheres (65%) que trabalham na Petrobras não vê discriminação salarial por gênero. Trabalho igual, salário igual, é a regra que prevalece.
No entanto, quando se trata de discutir mobilidade profissional – chances de ascender a cargos mais altos – os percentuais caem significativamente. Mais da metade de homens e mulheres entrevistados acredita que não é igualmente fácil para eles e elas subir a cargos de gerência. “Em resumo, para o conjunto de empregados e empregadas da Petrobras, a mobilidade profissional é mais restrita como possibilidade do que a eqüidade dos ganhos salariais”, diz o estudo.
Praticamente todos os dados pesquisados indicam relações de igualdade dentro da empresa – e o pior desempenho é exatamente no quesito mobilidade profissional, indicação de que esse nó ainda não foi suficientemente enfrentado nem pelos empregadores, mas tão pouco pelas mulheres.
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