E o noivo repetiu as palavras ditas pelo padre:
- Receba esta aliança como símbolo do meu amor e da minha fidelidade.
Cena bonita, clássica. Em outros tempos, derramaria lágrimas nesse exato momento, mas acabei sorrindo porque imediatamente me lembrei de um comercial, passado na madrugada da Record, onde se ouvia uma voz fúnebre convocando seus fiéis:
- Nesta quinta, não perca: a quebra da aliança maldita!
A aliança da Igreja Universal fala sobre pactos com o diabo, simbolizados por alguma macumba despachada em uma encruzilhada mal iluminada pela cidade. São coisas diferentes, sem dúvida. Aliança de noivado é uma coisa, macumba é outra. Mas o problema não está na aliança, está na quebra da bendita (ou maldita).
Vou dar uma de criança e perguntar:
- Mas mãe, por que as pessoas se casam?
Porque se amam.
Porque se respeitam.
Pra serem fiéis pelo resto da vida.
E agora vou dar uma de retardada e perguntar:
- Você já traiu?
Não você, claro, que está lendo esse texto ao lado da sua namorada(o) e é totalmente contra a infidelidade. Mas você, você mesmo, que acabou de chegar da balada algumas horas depois de dizer pra sua noiva que ia pra cama cedo porque estava cansado. Sem dúvida alguma você está cansado (dela?) e foi pra cama cedo (Oh.. E como!).
Engraçado como existem várias versões da verdade. Depende do ângulo que olhamos.
Vamos às velhas desculpas:
- Homem é assim mesmo.
- É da natureza masculina.
- Herança genética dos antepassados primitivos.
- Eu não sou de ferro.
- A mulherada dá mole...
- Eu sou homem, porra!
Mas se isso tudo é verdade vou ter que fazer outra pergunta:
- Por que ele então não permanece solteiro?
Porque a vida de solteiro é muito mais difícil. Olha só.
Pense nas incontáveis horas de malhação que terá que praticar pra poder ficar sarado e com uma aparência razoável pra não tomar toco da mulherada na balada. Ficar horas e horas dando ALT+TAB - Par Perfeito - Orkut - MSN - pra garantir um choppinho na sexta à noite ou um cineminha no domingo à tarde. Conversar com os amigos pra se manter atualizado nas táticas de guerrilha e deixar o PPCG (Papo Pra Comer Gente) afiado. Sem falar na dor no bolso. Uma saída semanal pode ser uma facada no seu orçamento. É, ser solteiro, dá um trabalho danado.
Entendeu?
Eu entendi. Faz sentido. Agora que olhei pelo ângulo masculino me parece até meio anti-natural, quase uma violência, o homem se obrigar a permanecer fiel. Melhor mesmo ele se manter comprometido com a sua namorada, noiva, enrolada, esposa, mulher, companheira e, quando a natureza chamar, ele resolver tudo com alguma mentirinha inocente. Mole, mole, fácil, fácil.
Assimilou? Aceitou? Vai dormir bem hoje?
Eu não vou. Porque me recuso a compactuar e fazer parte desse teatrinho masculino infantilóide.
Os homens continuam seguindo a natureza deles mas...
...e nós, mulheres?
Gostaria de sinalizar alguns tipos (tristes) que me chamam a atenção:
1) A CORNA SEM NOÇÃO
Mamãe disse a ela que um dia ela seria feliz com seu príncipe. O marido prometeu fidelidade. Ela acredita em papai noel.
2) A CORNA MANSA
Ela finge que não sabe mas aceita. Casamento aberto? Nada! Comodidade mesmo.
3) A CORNA OTIMISTA
Seu ex era um filho da puta mas seu próximo namorado, se deus quiser, vai ser fiel.
4) A AMANTE SONSA
Tá sozinha, tá carente. O cara é gatinho. Melhor nem perguntar se ele é comprometido? Vai que é...
5) A AMANTE DESCOLADA
Desiludida, impaciente... Acha que o mercado tá em crise, cheio de gays e casados. Adotou a máxima: melhor mal acompanhada do que só.
6) A AMANTE PROFISSIONAL
Muito corneada. Acabou seduzida pelo lado negro da força. Acha que ser amante é ficar só com a parte boa.
:::Não me acusem de generalizar nada!
Só citei alguns tipos. Claro, que existem mulheres seguras e homens fiéis por aí.
:::Não me acusem de acusar!
Só comentei o assunto. Muita gente me pede pra escrever sobre isso. Não gosto de rotular e evito dar uma de mulherzinha que adora apontar o dedo e chamar todo homem de SAFADO e toda mulher de VAGABUNDA. Já dizia minha avó: língua não tem osso, o mundo dá voltas e, normalmente, quem atira pedra tem telhado de vidro.
:::Não me acusem de criticar a infidelidade!
Eu, particularmente, tenho convicção de que a monogamia imposta está fadada ao fracasso. Ser fiel é uma escolha individual mas ser leal é uma obrigação real de quem, de fato, ama.
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